sexta-feira, 31 de maio de 2013

Se conseguissem sentir ...

Se eu pudesse mostrar o que sinto cá dentro. Se as pessoas pudessem ver. Se conseguissem sentir ... São explosões. São gritos. São gargalhadas felizes e choros de lamentação, tão profundos que quase me fazem sentir bipolar. São cores ... tantas cores, misturadas com o vermelho do sangue e o preto da escuridão. Se a minha voz pudesse dar os gritos que o meu coração dá, não mais haveria som no mundo, não mais existiria nada para além de adrenalina e rebeldia.

Mas não. Ninguém sabe nem ninguém saberá, porque cá dentro vivem furacões aprisionados e vulcões adormecidos. E num mundo onde se clama honestidade e franqueza, poucos são capazes de suportar o peso e a força da sinceridade e daquilo que é genuinamente puro.

Então eu vou continuando a brilhar silenciosamente na luz, onde ninguém me nota nem repara na minha força, até um dia ... e então tudo será diferente. *



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Self-Soundtracks

Eminem ft. Rihanna Dr.Dre &. Skylar Grey @ Grammy Awards 2011


Pure. Real. Painful. Me.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

As coisas mudam tanto ...


Houve um tempo que as minha maiores preocupações eram comer doces e ver os desenhos animados. Depois começaram a ser os estudos e as aulas aborrecidas que tinha de frequentar. Mais tarde as preocupações começaram a ser os namorados e as relações desastrosas em que me meti e às quais tive de sobreviver (a grande custo e sofrimento). As coisas mudaram mais um bocadinho e as minhas preocupações voltaram-se para a Universidade. Sair de casa e viver sozinha, conhecer pessoas novas e começar um curso que (supostamente) deveria definir a minha vida e o meu futuro. O início da vida académica e o amor ao espírito académico. A certa altura a minha única preocupação era deixar de ver o meu carro rebocado por mau estacionamento (oh tempos felizes!). Depois mudou tudo outra vez e a maior preocupação era decidir o que fazer da vida quando percebi que não gostava do curso. Voltei para casa e percebi que o principal era manter-me sã e feliz numa cidade onde eu já não encaixava. Então as coisas começaram a mudar para um nível diferente ... e tudo se tornou mais escuro, mais frio, mais duro, mais perigoso. Pior que tudo, mais solitário. Comecei a ver coisas que me assustaram, que me marcaram e que me mudaram enquanto ser humano. A preocupação começava a ser "mudar as coisas" que estavam erradas a minha volta. Como é óbvio falhei. Depois o destino colocou-me em situações nas quais eu nunca tinha estado e a minha maior preocupação passou a ser "libertar-me de Tavira" e do mal que aquele sítio me fazia, a todo o custo. Então vim para Londres. E quando cheguei aqui percebi que nunca mais ia ter preocupações menores e que nunca mais vou poder descansar. É muito difícil manter um dia-a-dia minimamente confortável aqui. As minhas preocupações passaram a ser: conseguir trabalhar o suficiente para pagar uma casa onde morar e ter comida na mesa; fazer esta vida de emigrante e de casal funcionar mesmo quando as adversidades são muitas; e lidar com as saudades e os demónios que vieram de Portugal comigo. A minha vida verdadeiramente feliz acabou e agora vivo uma vida de procura constante pela felicidade que não sei se vou voltar a ter.

As coisas mudam tanto ... mas provavelmente é isso que significa "crescer". Mas não estou triste por não me sentir inteiramente feliz. Estou um bocadinho farta, mas o facto de me sentir assim faz com que eu saiba (de verdade) que não é assim que quero ficar, logo faz-me querer andar para a frente e chegar a algum sitio melhor.

Este foi o desabafo de um dia cansativo que terminou com más notícias. Notícias de demónios que não me largam e que terei de enfrentar mais cedo ou não tarde. Enfim ... Um beijinho para esse lado, com muitas saudades de quem está deste. *

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Cancro ...

Há muito tempo que ando para escrever sobre isto, mas nunca senti coragem nem à-vontade para tal. Hoje, por algum motivo que não sei explicar, as palavras parece estar a fluir um bocadinho melhor e os pensamentos estão mais ou menos em ordem, por isso resolvi tentar.

Sempre conheci pessoas com familiares afectados pelo cancro. Cresci com a noção de que o cancro é uma doença muito má, muito perigosa, que raramente dá tréguas às pessoas que o "contraem". Há +/- 10 anos que vivo de perto da luta de uma família que me é muito próxima e querida, e vi pelas minha amigas a sofrimento que é enfrentar a incerteza e a instabilidade que esta doença trás. E admiro tanto essa senhora, que por mais de 10 anos tem lutado como uma verdadeira guerreira e tem conseguido vencer sempre. Não é qualquer pessoa que passa o que ela tem passado e ainda assim ultrapassa os momentos maus (sim, porque os há e haverá sempre), levanta-se outra vez, sorri, vai à luta e aproveita cada bocadinho de vida que tem. Queria Deus que essa força e essas vitórias durem por muitos anos.

No entanto, nunca tinha percebido o quanto o cancro é uma doença avassaladora ... acho que só percebe isso quem a sente na pele, quem a vive em 1ª mão. Não é uma doença má só para quem a tem, é uma doença que magoa famílias inteiras, que causa uma destruição tal que todos saem fragilizados dela (quando saem ...).

No dia em que me foi dito que a minha mãe estava doente, com cancro, eu tinha acabado de chegar para passar o Natal em casa. Eu não consegui chorar. O meu choque e a minha incredulidade foram tão grandes, que eu só conseguia ver um enorme ponto de interrogação dentro da minha cabeça. Qual era a pergunta, não faço ideia. Seria "porquê" ? Não sei. Mas na altura revi todo um ano de tristeza em que tantos amigos próximos perderam os pais, avós, família. Na altura soube que estava a morder a minha própria língua por ter dito vezes sem conta que o ano não podia ser pior. Podia sim. E foi. Desde esse dia, eu nunca chorei à frente da minha mãe nem do meu pai. Todos os dias acordava de madrugada para poder chorar em paz, no silêncio da minha casinha, no escuro tão mais seguro da minha cidade. Uma cidade que eu achei que sempre me protegeria das coisas más, e que no final acabou por se revelar a minha maldição.

A minha mãe foi operada pouco depois do Natal e eu tive a possibilidade de voltar a Portugal para estar presente para poder apoiar a minha família. Nessas 2 semanas em Portugal, eu vi a minha família entrar em colapso. Vi choro vindo de todos os lados, vi fraqueza, vi medo, vi desespero, vi até insanidade. Mas também vi amor. Acho que vi um amor que nunca antes tinha visto. E agora lembro-me de coisas que essas minhas amigas me diziam quando éramos mais novas, quando souberam da doença da mãe delas. O desespero invade-nos, mas o amor também se revela. A dedicação, o carinho, a vontade de proteger. Eu vejo isso nos meus pais, sem sequer estar perto deles.


É isso que a minha família está a passar. Toda esta luta contra uma doença e uma mudança de vida tão drástica que não pedimos e nos foi dada na mesma. Não é fácil. Mas sobrevivemos. E sim, já me sinto à vontade para falar no passado, porque já vencemos muitas lutas e em breve, se Deus quiser, vamos vencer a guerra e gritar ao mundo que somos "cancer free". 

Até lá, fica a mensagem às grandes personagens da minha linda cidade que fizeram o seu papel de más línguas tão bem feito, espalharam a notícia da forma mais maldosa e impiedosa que poderia ter feito, mas graças a Deus isso não nos afectou tanto como estavam à espera. A minha mãe nunca esteve "muito mal, quase a morrer" como fizeram questão de dizer, está em recuperação e bem de saúde, obrigada. Que sejam felizes ou infelizes (como preferirem) porque a nós não nos incomoda minimamente. Dá-me é pena que pessoas que carregam o titulo de profissionais do ensino não tenham ética nem moral nem respeito para lidarem com estas situações. Se calhar o vosso lugar não era em salas de aulas a ensinar boas maneiras às crianças, porque está à vista o resultado que podemos vir a ter.

Muito mais importante que o desabafo anterior, é o agradecimento a quem nos apoiou, a quem nos ajudou e deu a mão. Agradeço às amigas e amigos, meus e dos meu pais, pela presença e disponibilidade constantes para nos ajudarem com algumas coisas que sozinhos não conseguimos. Agradeço à minha outra família, a que não tem o meu sangue mas está no meu corpo e no meu coração por nunca terem deixado de me amar e apoiar. As palavras, as lavagens cerebrais que me fizeram, a angustia que conseguiram ajudar-me a dominar, a força e incentivo que me deram e dão para acreditar que isto vai tudo passar e desaparecer para sempre. E fica o agradecimento aos meus pais, por serem tão fortes para ultrapassar tudo isto sem nunca me pedirem para ir embora. Eu gostava que o tivessem feito ... teria sido muito mais fácil se o tivessem feito. Mas ao pedirem-me o contrário, eu não podia deixar de atender aos vossos argumentos e vontades. Obrigado no entanto por confiarem em mim, por acreditarem em mim e verem em mim coisas que nem eu vejo. Obrigada por não terem sentido medo de deixar tantas responsabilidades nas minhas mãos enquanto aí estive, por me deixarem sentir que faço parte e que tenho de aguentar esta realidade tanto como vocês. Obrigada por não me terem mentido nem tentado proteger do horror que esta doença é. E obrigada por me deixarem acreditar (às vezes mais do que vocês mesmos) que vamos ficar bem.


Eu tinha dito que se algo do género acontecesse aos meus pais, eu voltaria para Portugal no instante em que soubesse. Não voltei. Foi-me pedido que não o fizesse e eu própria senti que não o devia fazer. Porque a vida não estava a acabar, nós não nos estávamos a dar por vencidos só por este obstáculo ter sido posto nos nossos caminhos. Ainda hoje sofro com isso. Essa é a minha parte da destruição. Esse é o mal que o cancro me fez e me faz, a tristeza que carrego comigo todos os dias, por saber que não estou lá a viver e presenciar cada paço e cada momento. Que não estou lá para ajudar e que às vezes fazia falta, porque não há mais ninguém para fazer o que é preciso fazer. Mas eu tenho uma esperança enorme, isso o cancro não conseguiu tirar-me. Eu tive medo, eu tenho medo mas eu acredito que tivemos sorte, porque temos meios e recursos para tratar e acabar com isto de uma vez por todas.

Para muitos isto poderá ser expor demais, mas vendo bem tudo o que passei, tudo o que passamos, eu prefiro contar eu mesma, da minha boca, o que tenho vivido. Que me perdoem os amigos a quem não contei na altura e que estão a saber assim, mas na altura eu não podia nem sabia como contar. Estava a juntar os meus cacos e a encontrar a minha força para viver tudo isto da melhor maneira possível. Hoje, sinto que não estou a expor mais a minha mãe do que algumas pessoas nada próximas da minha família fizeram, portanto mais vale ouvirem de mim do que ouvir de quem acrescenta um e dois e três pontos a esta história.

Obrigada e desculpem ... mas pus o meu coração a falar e foi isto que saiu. <3

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Life's Sounds * Charlie Brown - On My Way


On my way

"Move in circles at night
You've given up the fight
Like the streets that you're always walking on
You died inside
And you don't know why
So you try to turn the light on

But stand up and never say never
'Cause this life is gonna get better
Take a breath, shake it off and say
I'm on my way

You been down and feel so fed up
When they tell you, you might not get up
Might not be on top of the world but hey
Here's what you say

You might work but I work harder
You might fight but I fight smarter
Might not be on the top of the world but hey
I'm on my way
You might fly but I fly higher
You're so hot but I'm on fire
Might not be on top of the world buy hey
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way
I'm on my way

All alone in your bed
You tried when you said
What you said
Yeah you poured your heart out
But nothing's changed
Still a picture in a frame
And you try but you just can't break out, no

But stand up and never say never
'Cause this life is gonna get better
Take a breath, shake it off and say
I'm on my way

You been down and feel so fed up
When they tell you, you might not get up
Might not be on top of the world but hey
Here's what you say

You might work but I work harder
You might fight but I fight smarter
Might not be on the top of the world but hey
I'm on my way
You might fly but I fly higher
You're so hot but I'm on fire
Might not be on top of the world but hey
I'm on my way

So stand up and never say never
'Cause this life is gonna get better
Take a breath, shake it off and say
I'm on my way

You might work but I work harder
You might fight but I fight smarter
Might not be on the top of the world but hey
I'm on my way

You might fly but I fly higher
You're so hot but I'm on fire
Might not be on top of the world but hey
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way ay
I'm on my way
I'm on my way"

sábado, 13 de abril de 2013

Traumas - Part I

Sou, definitivamente, uma pessoa traumatizada. Até dá vontade de rir ao escrever mas, infelizmente, é verdade.


Quando erramos as pessoas mais próximas devem chamar-nos a atenção e fazer-nos perceber o erro que cometemos. É supostamente para isso que os amigos servem, para estarem ao nosso lado quer façamos bem ou mal, para enfrentar as boas e as más situações. Mas muitas vezes algumas pessoas de quem gostamos muito e que também gostam de nós, têm uma maneira muito dura e até maldosa de nos dizerem as coisas. Sempre ouvi determinadas pessoas apontarem-me o dedo, julgarem-me e fazerem-me sentir mal com alguns dos defeitos que tenho e agora, olhando de outra perspectiva, magoa-me perceber que essas pessoas nunca fizeram o esforço de tentar perceber o porquê de eu ter agido assim ou de ser assim. Custa-me que essas pessoas tenham sempre assumido que determinados erros foram/são falhas de carácter em vez de consequências de situações vividas anteriormente. É ... injusto e desilude muito.

Por outro lado, é engraçado perceber que esses mesmos erros, cometidos pelas pessoas que os criticaram, têm um impacto ainda maior em nós do que a critica em si. Torna-nos mais "sábios" a nós, e mais humildes a quem criticou e depois fez igual.  

E também é interessante sentir que nunca mais queremos viver situações sequer parecidas, porque começam a ser repetições a mais: quando o trauma se deu, quando a reacção consequente aconteceu, quando veio a critica destrutiva e, depois, a repetição por parte dos críticos. E o desagrado aliado à saturação sé dá origem a ... caos. E o caos só aumenta o nosso pavor a situações parecidas que possam surgir, logo acaba por funcionar como bola de neve e atormenta-nos a vida toda. 

Enfim ... não podia ter escrito nada mais abstracto, não é? Mas também não vou simplificar. Se der um exemplo vou associar sempre esta "moral" a uma só história e preciso que ela se possa aplicar a várias outras (e lembro-me de tantas, neste preciso momento).



Beijinho e boa noite. Saudades de casa * Até já.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pontos nos i's!

Maltinha, este é o meu novo bebé. Resolvi que um não me chegava, não pela popularidade do Desconhecido (quanto muito pelo contrário) mas porque decidi não misturar mais as minhas aventuras pelo estrangeiro e as minhas peripécias profissionais com os meus momentos mais dark e deprimentes.

Eu sou uma menina muito emocional e, goste ou não, escrevo quando estou triste. Como preciso de manter as minhas memórias bem vivas, decidi que este segundo blog será o meu diário pessoal não só desta viagem mas de sempre.

Um beijinho e até já *